domingo, 7 de setembro de 2014

Boletim Nossa Classe Especial Donnelley

RR Donnelley Argentina fecha fábrica ilegalmente e demite 400 trabalhadores, que ocupam a planta e retomam a produção para garantir o emprego



Famílias na rua nunca mais!

Os patrões fecham, os operários abrem


Dia 11 de agosto, aparentemente uma segunda-feira normal. Quando os operários do primeiro turno chegavam ao trabalho se depararam com um papel colado na entrada, era o comunicado de falência da empresa. Todos estavam demitidos. Rapidamente os “delegados da comissão de fábrica” começaram a organizar uma assembleia para discutirem o que estava acontecendo e como poderiam se defender. O fechamento da planta foi totalmente ilegal, já que o pedido de falência ainda nem havia sido homologado pela justiça. A empresa é líder mundial do ramo gráfico, com receita de mais de 10 bilhões de dólares, é responsável pela impressão de 50% dos livros mais vendidos dos EUA, vindo de várias aquisições recentes em diversos países. Não tem crise nesse empresa. A Donnelley Argentina estava descontente com a organização dos trabalhadores, que com sua “comissão de fábrica” se negaram a aceitar as mais de 123 demissões e redução de salário de cerca de 40%, que a patronal tentou passar em 2013 como parte do seu plano de reestruturação. O fechamento da planta foi uma medida de força que apelaram para atacar os trabalhadores e sua organização pela base. Isso ficou claro para nossos hermanos que, no dia seguinte (12/08), se reuniram novamente em assembleia e decidiram pela ocupação da fábrica e retomada da produção como garantia dos empregos. Esse é um grande exemplo para os trabalhadores do Brasil e do mundo sobre como responder às arbitrariedades da patronal, que só pensa em termos de solvência ou não, pouco se importando com o destino das centenas de famílias envolvidas em cada manobra que fazem.


Veja aqui um pouco do que estão fazendo esses corajosos operários:

Depois de um fim de semana com grandes exemplos de solidariedade de classe na porta da fábrica, começamos nossa segunda semana de gestão operária. Imprimimos as revistas ‘Para Ti Decoración’, ‘Para Ti Deco’, ‘Billiken’, ‘Vanidades’ entre outras publicações da editora Atlântida. Essa semana recebemos com os braços abertos muitos companheiros que estavam indecisos e aterrorizados pelas ameaças dos patrões e dos diretores de RH. Hoje estão junto a nós, assim como uma companheira do refeitório que voltou dizendo “meu lugar é junto a vocês”. Nossa determinação e firmeza crescem a cada dia. Mantemos as relações com os clientes. Organizamos o refeitório e a enfermaria. A comissão de mulheres está em atividade permanente, recolhendo dinheiro para o fundo de luta e difundindo essa luta na porta das fábricas, nas universidades e nos bairros. Sandro Salazar, operário há 8 anos da Donnelley Argentina



“Fazemos assembleias todos os dias. Já as fazíamos antes, sob a ditadura da patronal. Agora fazemos para discutir como organizar a produção e também discutir dia após dia qual é a saída política para manter os postos de trabalho e o sustento de nossas famílias. Para nós isto é vida ou morte. Porque sabemos que se ficarmos sem esse trabalho significaria para muitos não voltar a conseguir um emprego. A rua está difícil esses dias. Vários são velhos, ou trabalhamos durante anos e temos doenças ocupacionais.” Diego Delgado, operário há 6 anos da Donnelley Argentina



Na terça-feira passada, um grupo de estudantes da UTN e de outras faculdades de engenharia nos aproximamos com a ideia de conversar com os trabalhadores e saber como podemos ajudar neste enorme desafio que é a gestão operária. Deparamo-nos com diversos temas pontuais que já estavam atravancando a produção. Estudantes de engenharia de sistemas deram uma mão fundamental para ligar um grupo chave de impressoras. E, por sua vez, ao percorrer a planta, estudantes de engenharia industrial e mecânica estudaram as instalações e deram dicas sobre manutenção e prevenção, mostrando aos trabalhadores o potencial da engenharia. Em pequena escala, isso demonstra a potencialidade de nossa universidade, estudantes e docentes, para defender 400 postos de trabalho que se extinguiriam frente à impossibilidade de produzir. Estudante de Engenharia da UTN (Universidade Tecnológica Nacional, da Argentina)




“Mais de 400 famílias nas ruas. Mais de 1500 crianças sem pão na mesa. Nossa comissão se ampliou rapidamente. Já somos quase 40 mulheres decididas a acompanhar e apoiar nossos companheiros nessa luta. Unidas, tomamos em nossas mãos tarefas fundamentais para que a luta triunfe. Trabalhamos o “funda de luta” nos bairros, universidades, escolas e outras fábricas. Escrevemos cartas à comunidade, difundimos o conflito para que não calem a voz e as reivindicações dos operários. Organizamos nossas vidas e nossos filhos construindo a unidade operário-estudantil e colocamos de pé uma creche na qual estudantes e professores nos ajudam no cuidado das crianças pequenas.”  Maria de los Ángeles, Comissão de Mulheres




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