segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Marchemos no Dia Nacional de Lutas por um plano de lutas para barrar os ataques

Declaração do Movimento Nossa Classe frente ao Dia Nacional de Lutas 28/01



As promessas eleitorais de não mexer nos direitos trabalhistas se quer esperaram o novo governo Dilma pra caírem por terra. Fez a vaca tossir e intoxicou os trabalhadores já mesmo no final de dezembro.

Dilma e seu novo governo começaram os ajustes e prometem mais, como declarou em entrevistas seu novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Tratam-se na verdade de iniciar por etapas uma verdadeira reforma previdenciária e trabalhista pelo meio autoritário das medidas provisórias (que são as MPs 664 e 665).

Com essas medidas provisórias, direitos básicos como auxílio-doença; pensão por morte; abono salarial; seguro-desemprego (Levy inclusive está dizendo que “seguro-desemprego está fora de moda”) e seguro pescador ficam praticamente excluídos para os trabalhadores mais jovens e mais precários, que ocupam a parcela de empregados que mais cresceu na década petista, o trabalho rotativo. E mais, no caso de acidente de trabalho (que no Brasil estão em torno de 750 mil por ano, apenas os registrados em Comunicado de Acidente de Trabalho [CAT]) ou doença por decorrência do trabalho, entregam a avaliação médica para o algoz. Ou seja, tiram do INSS a avaliação médica que permitiria afastamento segurado e coloca na mão da própria empresa a decisão. A empresa te mutila e depois te fará pagar.

Para se ter uma ideia do que significarão na prática estes ataques, os seis meses necessários de carteira assinada para entrar com pedido de seguro desemprego, agora passarão para 18 meses de trabalho, quando o auxílio for pedido pela primeira vez pelo trabalhador, na segunda solicitação o tempo de trabalho necessário é de 12 meses, e na terceira 6 meses. Em 2013, segundo cálculo do DIEESE, 43,4% da força de trabalho foi mandada embora com menos de um ano de trabalho, ou seja, a intensa rotatividade no trabalho deixaria parcela gigantesca de nossa classe sem o seguro desemprego. Para exemplificar apenas um destes ataques.

Contra essas medidas de conjunto, defendemos o fim dos descontos nos salários (como o INSS e Imposto de Renda) e pela criação do Imposto Progressivo às grandes fortunas e ao lucro dos empresários, para que financiem os serviços como saúde, educação, transporte e tratamento e distribuição de água. E que estes sejam de fato públicos e estejam à serviço da população. Também somos contra as desonerações aos empresários, pois este dinheiro que o governo dá de "mão beijada" aos empresários é muito maior do que o que se pouparia atacando aos trabalhadores.

A burocracia sindical e o Dia Nacional de Lutas 28/01

A burocracia cutista tem tentado separar o governo Dilma de algo como “as pressões à direita que o governo sofre de ministérios como o da fazenda com Levy à frente”. Por isso blinda o governo do PT dos “ajustes” e seu “pacote de maldades”, e pretendem organizar uma tímida luta para barrar as MPs, também para ter maior barganha de negociação no próximo período com o governo Dilma.

Além disso, essa mesma burocracia que convoca o Dia Nacional de Luta, que participaremos, vem tentando implementar junto ao governo ataques aos trabalhadores, disfarçado de defesa do emprego, como está na proposta do Programa de Proteção ao Emprego. Que, a pesar das diferenças com o recorrente lay off (que devemos seguir lutando contra, bem como contra os PDVs), significa uma generalização de uma prática da indústria de reduzir jornada com redução salarial e tira da indústria o custo com demissão e recontratação. Devemos, portanto, nos enfrentar com essa política da burocracia e levantar a única possibilidade viável pela manutenção dos empregos, greves, paralisações, lutas e solidariedade de classe.

O ano de 2015 já começou movimentado nesse sentido. A greve da Volks de 11 dias que reverteu 800 demissões, ainda que com entregas importantes na negociação com a patronal, aponta um caminho tortuoso na relação entre o quarto mandato do PT e a classe trabalhadora. Mostrando que a defesa do emprego entrará em momento chave como colocamos acima.

O material de divulgação do Dia Nacional de Lutas, assinado por seis centrais sindicais, chama “todos os trabalhadores a participarem do Dia Nacional de Lutas em defesa dos direitos e do emprego. As manifestações, unitárias, têm o objetivo de protestar contra a decisão do governo federal de atacar e reduzir as conquistas trabalhistas, por meio da introdução das Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665”.

Trata-se, portanto, de uma medida progressiva e com uma pauta de defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários que estão sendo atacados pelo novo pacote do governo federal de Dilma e do PT. Achamos então importante que desde as bases os trabalhadores devem se organizar para participar desse Dia Nacional de Lutas.

Com qual perspectiva participar do Dia Nacional de Lutas e como seguir?

Sabemos, entretanto, que as centrais sindicais não farão desse dia 28/01 um dia efetivo de luta, e que farão de tudo para ser um dia controlado de luta. Ou seja, não querem transformar o Dia Nacional de Lutas em paralização efetiva dos trabalhadores em todo o país, senão em um dia de luta através dos aparatos para forçar um maior diálogo com o governo.

Por isso devemos nos organizar não por uma leve “pressão ao governo contra as MPs”, mas nos organizarmos independentemente e contra o governo do PT, para garantir a manutenção dos direitos como passo para avançar nas conquistas.

Seria importante que a esquerda, as oposições sindicais à burocracia se organizassem para uma atuação conjunta neste dia, ou seja, preparar para que golpeássemos juntos e marchássemos separados. Isso não foi possível até agora.

No final do ano passado realizamos nosso primeiro Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe, onde soltamos um chamado às centrais sindicais de esquerda (CSP-Conlutas e Intersindicais), às oposições sindicais anti-burocráticas e aos trabalhadores que em 2014 fizeram grandes lutas em enfrentamento com suas direções sindicais (como Garis e Rodoviários de várias cidades), para construirmos plenárias nacionais e regionais, com delegados por locais de trabalho, para preparar os trabalhadores para lutar em defesa dos nossos direitos, do emprego e avançar em nossas demandas políticas e sociais.

Reafirmamos esse chamado. Achamos extremamente necessário e urgente organizar um pólo anti-burocrático que organize esse enfrentamento ao governo nacional e aos governos estaduais. Preparando uma agenda de luta que busque barrar estes ajustes, que organize paralisações nacionais com medidas efetivas de luta, com greves, paralisações e marchas, e que siga o exemplo dos trabalhadores da Volks de São Bernardo, demitiu, parou.

Só essa política pode garantir que não fiquemos a reboque da burocracia, que nos permita ter medidas independentes nos dias nacionais de luta convocados pelas centrais sindicais governistas, que farão de tudo para que sejam “meio dia” de luta, para que não desestabilize seu próprio governo.

É preciso construir um Dia Nacional de Paralização, vinculado a uma agenda nacional de lutas, paralisações, greves e manifestações em defesa dos direitos dos trabalhadores.

Para isso colocaremos nossas forças para organizar e chamar as centrais sindicais da esquerda para que organizem Encontros e Plenárias regionais que preparem os trabalhadores nesse sentido.

Não aos “ajustes” do governo Dilma!

Barrar as MPs 664 e 665!

Em defesa do emprego: demitiu, é greve!

Construir o Dia Nacional de Lutas nos locais de trabalho!


Por um plano nacional de lutas e por um dia nacional de paralisação!

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Denúncia contra JBS: Carta sobre a minha demissão

Denúncia que enviaram para o blog do Movimento Nossa Classe



Andreia Pires

Como muitos devem saber, na última sexta-feira fui demitida por justa causa, segundo o supervisor porque levei muitas suspensões. Apesar de ainda estar com a estabilidade da CIPA. A última suspensão que levei foi na quinta, porque na segunda tinha pedido para sair 1h mais cedo. O supervisor esperou dois dias (terça e quarta) para “decidir” que não tinha sido avisado que eu sairia mais cedo e aplicou a suspensão. É claro que avisei, sabemos que a demissão não foi por causa disso.

Todos que me conhecem nessa fábrica sabem que não fico quieta frente a tanta coisa errada que fazem, seja com o trabalhador ou com o alimento que produzimos. Essa semana estávamos passando um abaixo assinado para não cobrarem nossas refeições, quase 200 assinaram e eu estava ajudando. Por isso é que fui demitida, porque não querem aceitar nem o mínimo que podemos fazer para nos defender. Eles tiram dentista, encarecem o convenio, tiram várias coisas de benefícios e quem fala alguma coisa é mandado sem direitos?!

Fazem 3 anos que trabalho aqui, foram muitas noites de trabalho pesado junto com a equipe do terceiro turno. Assim como vários colegas, também tenho buraco de sabão corrosivo na mão, muitas vezes tive que correr pra torneira com os olhos ardendo, trinquei um dedo em acidente, arrastamos peso, esfregamos chão, parede, placas pesadas da formax, damos o sangue toda noite para essa fábrica ficar limpa e agora o que recebo em troca quando tento me defender?

Durante a minha atuação na CIPA conseguimos melhorar a situação, com bastante atenção a todos no chão de fábrica, acompanhando, falando para usar luva, óculos, viseira, não só no meu turno, mas em todos os turnos. Sempre levei muito a sério meu trabalho na higienização e como cipeira, isso ninguém pode duvidar.

Faço essa carta para denunciar a todos essa grande injustiça que fizeram comigo. Agradeço aos colegas de todos os turnos com os quais pude trabalhar, continuarei lutando com unhas e dentes, seja onde estiver, por melhores condições de trabalho, contra tanta exploração. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Importante participação do Movimento Nossa Classe e da Juventude as Ruas na Greve da Volkswagen



Márcio Barbio, diretor da APEOESP e Maíra Viscaya,  Conselheira Regional da APEOESP

Dando prosseguimento a solidariedade que o Movimento Nossa Classe e a Juventude as Ruas tem dado aos trabalhadores, estivemos presentes hoje na assembleia dos trabalhadores da Volkswagen em São Bernardo do Campo. A fábrica segue paralisada contra as 800 demissões imposta pela patronal, em desrespeito inclusive ao Acordo Coletivo de 2012, que como explicamos em outra nota garantia a estabilidade no emprego até 2016 em troca de outros direitos.

Insistimos que essa é uma greve que pode marcar o caminho que a classe trabalhadora vai trilhar nesse ano de 2015, ano onde o Governo Dilma, já anunciou que será um ano de “ajustes”, ou seja, arrocho e ataques aos direitos dos trabalhadores, como já estamos vendo.

O Sindicato dos Metalúrgicos, ligado diretamente ao lulismo, tem feito de tudo por manter a luta dentro da fábrica, sem ações de ruas e sem chamar a solidariedade ativa aos demais trabalhadores, fazem isso para não colocar em risco as reformas que o governo de seu partido PT e sua presidenta  Dilma já estão fazendo. Além disso, a linha de manter as lutas isoladas, da Volks e Mercedes, alimenta a ilusão de que os trabalhadores devem confiar nas negociações por empresa, porém só a luta conjunta das duas empresas e do conjunto dos metalúrgicos do ABC é o que poderá preparar um plano para toda a categoria contra os ajustes patronais.

Dilma disse na posse "nemhum direito a menos", mas nada faz para garantir nosso (de todos) direito ao emprego. Somente com assembleias conjuntas, passeatas e solidariedade de classe, os trabalhadores poderão vencer. Se a produção tem que ser ajustada, os patrões que devem pagar com a redução das jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário para garantir os empregos de todos!



Nesse sentido hoje levamos uma nutrida delegação composta de professores, bancários, trabalhadores da USP, metroviários e estudantes para expressar nossa inteira solidariedade com essa importante luta.

Bruno Gilga, diretor do Sindicato dos trabalhadores da USP, declarou hoje em frente a fábrica que: “todo mundo tá vendo na imprensa, a Volkswagen falando que precisa demitir por causa da retração da economia, no mesmo dia em que a gente vê sair na imprensa os lucros recordes da mesma Volkswagen no mundo inteiro, uma montadora que bateu todos os recordes esse ano, foi a que mais vendeu, não tem desculpa nenhuma. Quer demitir os trabalhadores para poder lucrar ainda mais.”



Marcio Barbio, diretor da APEOESP colocou que “derrotar essas demissões é uma tarefa dos companheiros da Volks, mas também de toda a classe trabalhadora. O governo Alckmin está promovendo a demissão de 20 mil professores precarizados, por isso companheiros, todos juntos a vitória de você é a nossa vitória, a luta de vocês é a nossa luta.”



Vale ressaltar a total ausência de todas as correntes de esquerda. Assim, a CSP-CONLUTAS, mas também as subsedes da Apeoesp de Santo André- dirigida pela Espaço Socialista e de São Bernardo dirigida pelo PSOL e em menor escala pelo PSTU,  perdem uma oportunidade única de se colocar como alternativa de direção ao cutismo. Fazemos um chamado ao conjunto das forças de esquerda que revejam sua paralisa e se coloquem efetivamente em ação, organizando conjuntamente ações para que essa luta seja vitoriosa.
 
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