sábado, 23 de agosto de 2014

Por uma campanha efetiva pela readmissão dos metroviários


Fábio Gregorio (operador de trem), delegado sindical
Fernando Salles (funcionário da estação SÉ), delegado sindical e cipista
Ambos militantes da corrente Metroviários pela Base, que constrói o Movimento Nossa Classe, e demitidos políticos.

Há três meses, a categoria metroviária entrou em seu período de campanha salarial com a perspectiva de obter uma serie de conquistas. A disposição dos trabalhadores e o cenário era muito favorável tanto internamente – com o uso extensivo de adesivos, coletes, assembleias massivas e com grandes mobilizações e atos protagonizados pelos seguranças e pela manutenção – quanto externamente – a onda de greves ás vésperas da Copa do Mundo, o período eleitoral no segundo semestre etc. Tínhamos tudo para vencer. Entretanto, ainda que a categoria tenha feito uma greve muito forte, como há décadas não se via e tendo avançado em sua relação com a população, o saldo final da greve foi a demissão de 40 trabalhadores e uma série de ataques após a greve, como desconto de dias, inúmeras ações afim de reprimir nossas manifestações, atos e campanhas em prol da readmissão dos companheiros demitidos e o assédio moral das chefias, tudo isto porque a patronal sabe que os trabalhadores saíram desmoralizados desta greve.
O governo do estado sabia que, assim como a vitoria dos garis do RJ, uma vitoria dos metroviários de SP daria um grande exemplo a outras categorias de que lutar é o caminho, além de ser um enorme ataque ao governo. Se armou então de tudo o que podia para derrotar a nossa greve: usou a mídia, o assédio moral através das chefias, colocou pessoas despreparadas para operarem os trens, mandou a tropa de choque reprimir nossos piquetes e manifestações e quando estava encurralado demitiu os trabalhadores. Mas e a tal justiça? e as leis trabalhistas? Pois é, a mesma “justiça” que havia proposto em uma reunião de conciliação que o metro nos pagasse 9,5% de reajuste, 30% de periculosidade e PRL igualitária foi a mesma que julgou a nossa greve abusiva quando o metro não quis conceder nossas reivindicações e mostrou para qual lado pende a balança quando deixou de julgar todas as ilegalidades cometidas pelo metro contra o nosso direito de greve. Logo após o final da greve multou o metro em R$8.000,00 enquanto que nós trabalhadores fomos multados em R$350.000.000,00.   
Agora, a readmissão destes companheiros demitidos encontra-se nas mãos desta mesma justiça que não está e nunca esteve do nosso lado. O melhor meio que tínhamos para garantir que estes demitidos permanecessem em seus empregos seria manter a greve, que é o meio mais efetivo de que os trabalhadores dispõem para impor suas reivindicações, além de ser uma medida legitima dos trabalhadores que o estado tenta incriminar através dessas demissões, pois com elas, não foram apenas nós 40 que perdemos, mas todos os metroviários e o conjunto dos trabalhadores do país. Mas isto não quer dizer que não há mais nada a se fazer, devemos seguir com nossas campanhas internas e nos organizando desde nossos locais de trabalho, dialogando com cada trabalhador da importância da luta pela readmissão principalmente como resposta da categoria contra a patronal e o governo. Por isto exigimos também que os sindicatos e centrais sindicais, principalmente o sindicato dos metroviários de SP, impulsionem uma ampla campanha que vise unir as demais categorias por um plano real de luta pela readmissão dos metroviários, mas não apenas da boca pra fora e sim realizando atos de rua e outros tipos de mobilizações – como fizeram os trabalhadores da USP em conjunto a nós e em solidariedade. Nossos inimigos são os mesmos: Os patrões e o governo. Não podemos deixar passar um ataque destes que não é só contra os metroviários, mas contra a classe de trabalhadores em geral.

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