Viva a luta das creches! Somos todas professoras e
professores!
Por Nani, da Creche Oeste
Por Nani, da Creche Oeste
Em 2014, o Programa de Creches na
Universidade de São Paulo completa 32 anos. Um início marcado pela luta de
mulheres trabalhadoras que autonomamente decidiram se organizar para exigir o
seu direito de ter uma Creche para deixar os seus filhos enquanto trabalhavam.
Se a origem das creches é marcada
pela luta das mulheres, é também com muita luta e trabalho árduo que as Creches
vão deixando de ser apenas um lugar para as trabalhadoras deixarem os seus
filhos, mas a garantia do direito das crianças de terem acesso a um espaço de
Educação e cuidado pensado para elas e em consonância com a sua condição de
sujeito e cidadão em formação.
Nessas mais de três décadas, as
Creches e Pré Escolas da USP construíram uma reconhecida atuação na Educação
Infantil, concebendo a criança como ser integral e sujeito de direitos.
De um lado, os profissionais que
trabalham nas Creches aliam à prática e pesquisa a um compromisso com os
saberes que são ali construídos, sustentando projetos pedagógicos que
contribuem para a sólida formação da criança nos seus primeiros anos de vida.
Por outro lado, esses mesmos profissionais não possuem o reconhecimento da
Universidade e tampouco o respeito aos seus direitos como profissionais da
prática docente.
Os seus contratos de trabalho os
designam “Técnicos de Apoio Educativo” nomenclatura que nem de longe indica o
que esses professores fazem e como atuam. Isso não apenas os aliena de seus
direitos como profissionais de Educação estabelecidos desde a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBN), como priva as crianças de terem assegurado
seu direito a um professor também na Educação Infantil, primeira etapa da
Educação Básica.
Há pelo menos dezoito anos uma
árdua luta pelo reconhecimento dos Professores das Creches e Pré-escolas da USP
tem sido travada nos âmbitos internos e externos e no dia 24 de julho de 2013,
foi aprovada a Lei Complementar de número 1202/2013 que altera a referida
nomenclatura.
Quase um ano e meio se passou
desde a aprovação e a USP continua descumprindo a Lei e, portanto
desrespeitando os professores e professoras das Creches. No dia 15 de outubro
mais uma vez as creches se unem na luta para que a Reitoria respeite os
profissionais de Educação das Creches e finalmente cumpra a Lei.
Nós do Movimento Nossa Classe não
só apoiamos a luta dos professores e professoras das Creches, como defendemos a
ampliação de vagas e Creches para os trabalhadores e trabalhadoras da USP e o
acesso das crianças filhos e filhas dos trabalhadores terceirizados, que devem
ser olhados com o mesmo respeito e ter os mesmos direitos de toda criança.
Reivindicamos o direito das
crianças, filhos de efetivos e terceirizados à Creche, e defendemos que todas
as crianças possam ter acesso a esse direito.
Aos trabalhadores terceirizados
que também são parte do processo de construção dessa Universidade, já que
também concentram aqui os seus esforços e trabalho, não se pode negar a justa
reivindicação por vagas nas Creches para os seus filhos.
Mais
creches na USP!
Exigimos a construção de mais
creches integrais na USP, que atenda a toda a demanda existente, para atender
às diferentes jornadas de trabalho. Essas creches devem englobar desde o
berçário até o maternal, ou seja, até 6 anos de idade. Para isso, é necessária
a construção de novas creches em todas as unidades e nas unidades que ainda não
têm como Pirassununga, Lorena e USP Leste, e quando necessário a ampliação das
creches já existentes. Combinado a isso, precisamos exigir a contratação de
funcionários efetivos (não terceirizados e nem precários) para atender a
demanda real de crianças, sem que para isso seja necessário sobrecarregar com
horas-extras os trabalhadores que já estão alocados nas Creches.
USP
racista: terceirizados não podem usar as creches enquanto há vagas ociosas
Na USP hoje apesar de haver falta de creches e de vagas para
muitas crianças, há algumas faixa-etárias com menor demanda que deixam vagas
ociosas nas creches. A vaga está ali disponível, para ser utilizada, mas fica
vazia. Mesmo sabendo que existem milhares de trabalhadores e trabalhadoras
terceirizadas, em sua maioria negros e negras, eles não podem ocupar estas
vagas com seus filhos. É um absurdo! Extensão do direito à creche para todos os
trabalhadores terceirizados e efetivação de todos sem necessidade de concurso
público!
Pelo nosso
direito de greve!
Por Julia, da Creche Central
As Creches da USP são um dos exemplos do que a força dos
trabalhadores e trabalhadoras dessa Universidade é capaz: depois de muita luta,
o direito à educação infantil é garantido em todos os campi. Essa
vitória já tem mais de 3 décadas e a garantia diária da sua manutenção nunca
foi feita de braços cruzados, esperando a boa vontade dos patrões.A greve nas
Creche USP é legítima e necessária, pois reivindica a continuidade da
existência da educação infantil dentro da Universidade, melhores condições de
trabalhos para todos os funcionários, a manutenção da qualidade no atendimento
às crianças e suas famílias e o reconhecimento da nomenclatura das professoras,
que ainda hoje tem sua função denominada técnico de apoio educativo.
Depoimento de Carol,
da Creche Faculdade de Saúde Pública
Dizem que, quanto mais tempo você fica exposto a "coisas" viciantes, mais difícil e demorado é livrar-se de seus efeitos.
Sinto cheiro de mortadela e de lenha queimando o tempo todo!
Ouço vozes contrapostas de Marcelas militantes!
Escuto choros, preces e agradecimentos, por terem-se colocado no caminho de camarada guerreira da saúde, o velho e o novo!
Ouço músicas redundantes, e algumas que beiram ao americanismo, de tão no sense!
Ouço ecos de gritos retumbantes de "não, não, não, não... arrego, arrego, arrego, arrego"!
Vejo defuntos desvairados e lambe-botas levantarem-se e acumularem mais e mais poder!
Tenho, insistentemente, tentado ensinar a música da formiga à minha sobrinha de 1 ano, e ela responde " pá, pá, pá", e isso me frustra loucamente!
Tenho comido pão com muuuuuita margarina para aliviar a tensão, e curiosamente, tenho sofrido visíveis efeitos colaterais!
Fora vozes memoráveis e figuras que me vêm à mente em momentos improváveis...
Feito o desabafo... O que fazer?
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