terça-feira, 14 de outubro de 2014

Boletim Nossa Classe USP #Especial creches




Viva a luta das creches! Somos todas professoras e professores!
Por Nani, da Creche Oeste

Em 2014, o Programa de Creches na Universidade de São Paulo completa 32 anos. Um início marcado pela luta de mulheres trabalhadoras que autonomamente decidiram se organizar para exigir o seu direito de ter uma Creche para deixar os seus filhos enquanto trabalhavam.

Se a origem das creches é marcada pela luta das mulheres, é também com muita luta e trabalho árduo que as Creches vão deixando de ser apenas um lugar para as trabalhadoras deixarem os seus filhos, mas a garantia do direito das crianças de terem acesso a um espaço de Educação e cuidado pensado para elas e em consonância com a sua condição de sujeito e cidadão em formação.

Nessas mais de três décadas, as Creches e Pré Escolas da USP construíram uma reconhecida atuação na Educação Infantil, concebendo a criança como ser integral e sujeito de direitos.

De um lado, os profissionais que trabalham nas Creches aliam à prática e pesquisa a um compromisso com os saberes que são ali construídos, sustentando projetos pedagógicos que contribuem para a sólida formação da criança nos seus primeiros anos de vida. Por outro lado, esses mesmos profissionais não possuem o reconhecimento da Universidade e tampouco o respeito aos seus direitos como profissionais da prática docente.

Os seus contratos de trabalho os designam “Técnicos de Apoio Educativo” nomenclatura que nem de longe indica o que esses professores fazem e como atuam. Isso não apenas os aliena de seus direitos como profissionais de Educação estabelecidos desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), como priva as crianças de terem assegurado seu direito a um professor também na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica.

Há pelo menos dezoito anos uma árdua luta pelo reconhecimento dos Professores das Creches e Pré-escolas da USP tem sido travada nos âmbitos internos e externos e no dia 24 de julho de 2013, foi aprovada a Lei Complementar de número 1202/2013 que altera a referida nomenclatura.

Quase um ano e meio se passou desde a aprovação e a USP continua descumprindo a Lei e, portanto desrespeitando os professores e professoras das Creches. No dia 15 de outubro mais uma vez as creches se unem na luta para que a Reitoria respeite os profissionais de Educação das Creches e finalmente cumpra a Lei.

Nós do Movimento Nossa Classe não só apoiamos a luta dos professores e professoras das Creches, como defendemos a ampliação de vagas e Creches para os trabalhadores e trabalhadoras da USP e o acesso das crianças filhos e filhas dos trabalhadores terceirizados, que devem ser olhados com o mesmo respeito e ter os mesmos direitos de toda criança.

Reivindicamos o direito das crianças, filhos de efetivos e terceirizados à Creche, e defendemos que todas as crianças possam ter acesso a esse direito.

Aos trabalhadores terceirizados que também são parte do processo de construção dessa Universidade, já que também concentram aqui os seus esforços e trabalho, não se pode negar a justa reivindicação por vagas nas Creches para os seus filhos.

Mais creches na USP!

Exigimos a construção de mais creches integrais na USP, que atenda a toda a demanda existente, para atender às diferentes jornadas de trabalho. Essas creches devem englobar desde o berçário até o maternal, ou seja, até 6 anos de idade. Para isso, é necessária a construção de novas creches em todas as unidades e nas unidades que ainda não têm como Pirassununga, Lorena e USP Leste, e quando necessário a ampliação das creches já existentes. Combinado a isso, precisamos exigir a contratação de funcionários efetivos (não terceirizados e nem precários) para atender a demanda real de crianças, sem que para isso seja necessário sobrecarregar com horas-extras os trabalhadores que já estão alocados nas Creches.

USP racista: terceirizados não podem usar as creches enquanto há vagas ociosas

Na USP hoje apesar de haver falta de creches e de vagas para muitas crianças, há algumas faixa-etárias com menor demanda que deixam vagas ociosas nas creches. A vaga está ali disponível, para ser utilizada, mas fica vazia. Mesmo sabendo que existem milhares de trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas, em sua maioria negros e negras, eles não podem ocupar estas vagas com seus filhos. É um absurdo! Extensão do direito à creche para todos os trabalhadores terceirizados e efetivação de todos sem necessidade de concurso público!

Pelo nosso direito de greve!

Por Julia, da Creche Central

As Creches da USP são um dos exemplos do que a força dos trabalhadores e trabalhadoras dessa Universidade é capaz: depois de muita luta, o direito à educação infantil é garantido em todos os campi. Essa vitória já tem mais de 3 décadas e a garantia diária da sua manutenção nunca foi feita de braços cruzados, esperando a boa vontade dos patrões.A greve nas Creche USP é legítima e necessária, pois reivindica a continuidade da existência da educação infantil dentro da Universidade, melhores condições de trabalhos para todos os funcionários, a manutenção da qualidade no atendimento às crianças e suas famílias e o reconhecimento da nomenclatura das professoras, que ainda hoje tem sua função denominada técnico de apoio educativo. 

Depoimento de Carol, da Creche Faculdade de Saúde Pública

Caríssimos amigos, estou sofrendo de abstinência Pós greve!
Dizem que, quanto mais tempo você fica exposto a "coisas" viciantes, mais difícil e demorado é livrar-se de seus efeitos.
Sinto cheiro de mortadela e de lenha queimando o tempo todo!
Ouço vozes contrapostas de Marcelas militantes!
Escuto choros, preces e agradecimentos, por terem-se colocado no caminho de camarada guerreira da saúde, o velho e o novo!
Ouço músicas redundantes, e algumas que beiram ao americanismo, de tão no sense!
Ouço ecos de gritos retumbantes de "não, não, não, não... arrego, arrego, arrego, arrego"!
Vejo defuntos desvairados e lambe-botas levantarem-se e acumularem mais e mais poder!
Tenho, insistentemente, tentado ensinar a música da formiga à minha sobrinha de 1 ano, e ela responde " pá, pá, pá", e isso me frustra loucamente!
Tenho comido pão com muuuuuita margarina para aliviar a tensão, e curiosamente, tenho sofrido visíveis efeitos colaterais!
Fora vozes memoráveis e figuras que me vêm à mente em momentos improváveis...
Feito o desabafo... O que fazer?



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