Quando os garis do Rio de Janeiro
fizeram sua greve histórica, impondo derrotas ao governo e à patronal,
atropelando seu sindicato vendido, a mídia burguesa e a repressão policial, nós
dissemos: façamos como os garis! Os trabalhadores da USP, nos momentos mais
difíceis, lembravam dos garis. Tomar as lições desta greve, para que a cada
nova luta não partamos do zero e possamos avançar na luta de classes é tarefa
fundamental. A importante lição para os trabalhadores, que tiramos destas duas
greves, é que nunca partamos do zero e confiemos nas na força dos trabalhadores!
2) Precisamos
retomar os sindicatos como ferramentas de luta e unir a tradição combativa com
o novo vigor da juventude
Ter um sindicato democrático
e combativo, como o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que
impulsiona a organização dos trabalhadores a partir da base, garantiu que nada
nos segurasse! No nosso sindicato, temos uma tradição combativa há décadas. As
jornadas de junho de 2013 trouxeram uma nova camada de jovens trabalhadores para
a luta. O vigor da juventude aprendendo com a tradição de luta do Sintusp foi
decisiva pra vitória e assegura o futuro de luta da categoria. Precisamos tirar
os dirigentes vendidos dos sindicatos, que são amigos dos governos e patrões,
para haver outros como o Sintusp, unindo o melhor dos lutadores de tradição com
a juventude.
3) É fundamental a
mais ampla democracia operária
Temos uma tradição que mais
uma vez se concretizou. Na greve, a diretoria do Sintusp não faz reuniões separadas.
O PODER DE TODAS AS DECISÕES é da base em assembléia, reuniões de unidade e no
COMANDO DE GREVE, que tinha mais de 100 delegados eleitos nas reuniões de cada
unidade. Estes representantes ligam a base da categoria e a direção da greve,
no caso, o próprio Comando de Greve, que tinha o "pulso" da
categoria, podendo levar adiante as propostas que surgiam na base e enfrentar
os problemas coletivamente. Se algum representante não levasse as posições de
cada unidade pro Comando (onde também podia colocar suas posições para avançar
o movimento) e vice-versa, outro trabalhador poderia ser eleito em seu lugar. Ainda
assim, tudo que foi discutido no Comando era aprovado por um organismo
soberano, a Assembleia Geral, onde o microfone era aberto para qualquer
trabalhador.
Nossa luta não foi
unicamente pelo salário, questão na qual conseguimos derrotar o 0% que queriam
nos impor durante 100 dias e chegamos a 5,2% (com abono retroativo à database),
mas em defesa da educação e saúde públicas. Mostramos que estamos ao lado da
população. Mais de 100 trabalhadores doaram sangue, em um ato-doação, para
anunciar que “enquanto a Reitoria dá o sangue pro patrão, nós doamos o sangue
para a população”. Ainda durante a greve, os trabalhadores se levantaram contra
os atos de racismo, como o assassinato do jovem Mike Brown, promovendo
atividades sobre a questão negra, debateram também o machismo, a homofobia e a
transfobia.
5) Ninguém fica pra
trás!

6) É necessário unir
toda a classe trabalhadora
Que os trabalhadores
passem a considerar que todas as categorias são parte de uma mesma classe é um
grande avanço na consciência. Em nossa greve importantes exemplos foram dados:
nos solidarizamos com outras categorias em greve, como os metroviários e os
carteiros, além do apoio às lutas de trabalhadores em outros países, com das
fábricas da Lear e da Donnelley na Argentina, que sofreram com demissões. Também
levantamos a bandeira da efetivação de todos os trabalhadores terceirizados,
organizando um importante ato na São Remo, onde moram milhares de
terceirizados, chamando a unidade da classe operária.
Nas assembleias, nos
Comandos de Greve, nos piquetes, nos enfrentamentos com a polícia, na
organização cotidiana da greve nas unidades, as mulheres foram linha de frente,
com grande destaque para as trabalhadoras do Hospital Universitário. Por isso,
foi fundamental a atuação da Secretaria de Mulheres do Sintusp, que contribuiu
na organização das mulheres em espaços próprios e levando o debate sobre
machismo e homofobia para toda a categoria. Outra lição é que nossa classe
precisa levantar, com toda força, a luta das mulheres trabalhadoras e que elas
na linha de frente fortalecem muito a luta!
8) Utilizemos os
métodos históricos de luta da classe trabalhadora
Nessa greve conseguimos retomar com força os métodos de luta da classe
trabalhadora, sempre combinado aos objetivos políticos da greve. Além da
própria greve como instrumento de luta, foram organizados dezenas de piquetes,
inclusive de 24 horas e, em especial, o “trancaço” dos 3 portões da USP. Resistindo
à repressão policial, os trabalhadores permaneceram na linha de frente contra
as balas de borracha e gás lacrimogêneo e tivemos mais de 10 feridos. Os cortes
de rua foram parte de toda a greve nestes 116 dias, além da retomada de grandes
passeatas que marchavam por quilômetros pela cidade se dirigindo à população.
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